O negócio é dormir sem medo do outro dia. (Raul Seixas)

O Elefante voltou

O avião da Real pousa na pista do Campo de Aviação da pequena cidade, no meio da população, que margeia a pista. Dia nublado. Os heróis, de terno e gravata, a maioria de bigodinhos aparados, cabelos repartidos do lado, com brilhantina, descem a escada da aeronave, caem nos braços do povo. Não há segurança dando cacetada em ninguém. Também, estamos em 1952.

Nesse dia, um circo se apresenta no município em festa. Libera seus elefantes, para os heróis desfilarem pelas ruas, em cima deles.

Os heróis são os jogadores do Clube Atlético Linense, time que acaba de ascender para a Divisão Especial do futebol paulista.

A pequena cidade de Lins não tem estádio para atender às exigências da grandiosa Federação Paulista de Futebol. A população, apaixonada, a mesma que estava na beira da pista aguardando seus heróis, arregaça as mangas e, em muito pouco tempo, ergue o estádio, de acordo com as exigências dos cartolas. Um estádio de madeira. Prego e martelo. O “Gigante de Madeira”. Na entrada principal, o símbolo do time campeão: um enorme elefante. De madeira, naturalmente.

Começa o campeonato. O Linense não perde para os chamados ‘Grandes’ (Curíntia, Parmera, Santos, São Paulo...), dentro do ‘Gigante’. E ainda mete 4 a 1 no São Paulo, até então invicto há 19 partidas pelo Paulista. Momento histórico.

A alegria dura pouco. Cinco anos depois, o Linense cai para a Segunda Divisão. E depois para a Terceira, a Quarta... Ponto. E basta!

A torcida jamais abandonou o time. Passaram-se os anos e ela ali, na torcida. Fiel. Não perdeu a esperança de um dia ver novamente o glorioso Clube Atlético Linense no lugar que nunca deveria ter saído: a elite do futebol paulista.

Naquele tempo, os jovens estudantes deixavam a cidade para tentar a sorte em um ‘grande centro’. Mas jamais se esqueceram, estivessem onde estivessem, do time da camisa vermelha e branca, listrada na horizontal, calções pretos, meias vermelhas. Números pretos, no costado. Tradição. Belo uniforme, diga-se.

Agora, 58 anos depois, o Clube Atlético Linense, o CAL, o Elefante da Noroeste, sacudiu a poeira de tantos anos de lutas, deu a volta por cima. Está de volta. Glorioso. Como sempre.

Filhos, netos e bisnetos daqueles que martelaram e levantaram o ‘Gigante de Madeira’, se esgoelam nas arquibancadas de concreto, parodiando um hit carnavalesco daquela época...

Você pensa que o Linense é sopa,

Linense não é sopa mão.

Linense vem da Noroeste,

E é o pentacampeão!

Agora, 58 anos depois, a grande cidade de Lins, os milhares de linenses e agregados espalhados pelo mundo, estão que estão.

Gambás, Porcos, Periquitos, Peixes, Urubus, Galos, Raposas, Leões e Bambis, fiquem espertos. O Elefante está solto. O Elefante voltou.

Avante, Linense, avante!

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Leonel Prata

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